As atuais aulas de História no Ensino Fundamental e Médio podem
sofrer modificações. Atualmente, não há uma ementa padrão a ser seguida e
as escolas optam por repassar uma visão eurocêntrica e cronológica da
história mundial. Uma nova proposta elaborada por especialistas
convidados pelo Ministério da Educação (MEC) diz respeito ao ensino da
História das Américas, da África e dos povos indígenas nos dois
primeiros anos. A História Antiga europeia, como as civilizações antigas
de Grécia e Roma, ficariam em segundo plano.
O projeto da proposta curricular ainda deve ser discutido pelo
menos até o final do primeiro semestre de 2016. Para Sirlei Cegóz,
professora de História da Universidade do Vale do Rio dos Sinos
(Unisinos), esse tipo de discussão é fundamental para o ensino, não só
de História, mas de todas as disciplinas. “É uma tentativa de dar mais
sentido ao ensino da disciplina. Muitos alunos se perguntam o motivo de
estarem estudando tais assuntos. A educação no Brasil passa por certa
crise, e a questão é como podemos renovar esses processos educacionais”,
pondera Sirlei. Na semana passada, o Grupo de Trabalho de Ensino de
História e Educação da Associação Nacional de História do Rio Grande do
Sul se encontrou na sala 503 do prédio da Faculdade de Educação da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) para debater a
questão.
De acordo com Sirlei, a proposta do MEC não chega a romper com a
cronologia da história mundial. “Eles partem do Brasil, seguindo a ordem
dos acontecimentos. Isso não impede que o professor retorne à Europa.
Não há como discutir o modelo de colonização brasileira sem voltar à
Europa, por exemplo”, reconhece. A professora também admite que o
documento ainda está confuso e precisa ser enxugado.
De qualquer modo, trata-se de questão relevante. “Os livros
didáticos também precisariam ser alterados e, da mesma forma, teríamos
de decidir como serão aplicadas as provas nacionais”, alerta. As
diretrizes universitárias deverão ser modificadas. “Há muito se discute,
em âmbito universitário, uma nova formação de professores. O que é um
professor na atualidade?”, questiona. Para a professora, é perceptível
que o ensino atual, fragmentado, está ultrapassado, e que a educação
carece de um ensino interdisciplinar.
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