A
Coca-Cola é definitivamente uma das marcas mais conhecidas do mundo. Por
isso, a gigante americana é um dos símbolos do capitalismo – e,
especialmente para a esquerda, do imperialismo – ianque. Apesar da
aparente distância ideológica, não havia nada que separasse Georgy Zhukov, um alto oficial soviético, da garrafa negra do tio Sam.
Zhukov era
um famoso general soviético, herói da 2ª Guerra Mundial, que recebeu
mais prêmios e honrarias que qualquer outro militar na história da União
Soviética. O russo era o principal encarregado de defender Leningrado
dos nazistas e foi nomeado Marechal da União Soviética para o fronte
ocidental, enfrentando as tropas hitleristas em Moscou, Stalingrado,
Kursk e Berlim. Nada mal para uma carreira militar.
Todavia,
quando o herói de guerra não estava arrasando nazistas, ele gostava – e
muito – de tomar uma garrafa bem gelada de Coca-Cola, bebida que
conheceu ao lutar no fronte com os Aliados.
Por mais
improvável que pareça, era relativamente fácil encontrar uma garrafa de
Coca-Cola durante a 2ª Guerra Mundial, mesmo estando no meio de uma
batalha. Em 1943, o General Dwight D. Eisenhower pediu à Coca-Cola
Company que abrisse dez fábricas na África do Norte. Antes da guerra
acabar, já era possível encontrar mais de 60 fábricas da bebida
distribuídas pela Europa e pelo Pacífico – a Coca-Cola possuía tamanha
estima do governo americano que era considerada crucial para derrotar o
Eixo.
Com Zhukov
perseguindo os alemães pela Europa, era apenas questão de tempo até que
o general conhecesse a bebida símbolo dos Estados Unidos. O próprio
Eisenhower apresentou a seu par soviético a Coca-Cola e, pouco depois, o
russo já estava completamente tomado pelo sabor.
Contudo,
quando a Guerra acabou, Zhukov percebeu que sua relação com o
refrigerante estava em perigo – graças à associação com os EUA, o
Politburo via a bebida como um símbolo da decadência capitalista. Assim,
a Coca-Cola se transformou num produto proibido dentro da nação
comunista.
Mas o
general não estava disposto a desistir tão facilmente. Desesperado com a
perspectiva de viver sem sua bebida favorita, Zhukov foi à maior
autoridade fora da Rússia – o presidente americano, Harry Truman – pedir
para secretamente lhe enviar umas caixas de refrigerante. Mas não era
de qualquer Coca-Cola. As bebidas de Zhukov tinham de ser especiais. Se
alguém o visse tomando o refrigerante americano ele provavelmente
acabaria num Gulag na Sibéria. Truman, feliz por poder ajudar um herói
de guerra, pediu diretamente à companhia para resolver seu problema.
O primeiro
problema era a cor inconfundível da bebida, mas um químico da Coca-Cola
conseguiu criar uma forma para deixá-la transparente. Depois, a garrafa
teve que ser redesenhada. O produto final foi a White Coke,
um líquido incolor numa garrafa reta com uma estrela soviética
desenhada. Agora, Zhukov podia beber seu refrigerante em público –
afinal, o que mais poderia ser? Todo mundo iria pensar que ele estava
bebendo vodca ou qualquer coisa parecida.
Zhukov
viveu uma vida tranquila com suas garrafas preciosas. Muito depois do
incidente, perdeu força no Partido Comunista, forçado a renunciar seus
cargos em 1957. Morreu em 1974, um ano depois da Pepsi ter recebido a
permissão para vender seus produtos na União Soviética. Não há relatos
se o general morreu de amores pela arquirrival.
Se Zhukov
tivesse vivido mais 12 anos, poderia comprar e beber sua tão querida
Coca-Cola sem temer por seu futuro. O refrigerante foi finalmente
permitido na União Soviética em 1985. Uma versão parecida de bebida
também foi lançada na década de 1990. Era a Pepsi Crystal, que não tinha
cafeína e era totalmente transparente. O fracasso, no entanto, foi
instantâneo, e a bebida foi engavetada. Mas, pouco importava – a
Coca-Cola já havia conquistado o comunismo.
Fonte spotniks
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