Será disponibilizado dos cofres públicos meio milhão de reais para ajudar quem perdeu tudo
23 de Janeiro
09:07
2016
Após passarem sete dias em que Paraíba do Sul
acordou em baixo d’água, os moradores da cidade ainda limpam suas casas e
seguem reconstruindo suas vidas, recomeçando a escrever suas histórias e
aos poucos remontando os espaços vazios que a enchente deixou ao levar
móveis, roupas, alimentos, calçados e até mesmo casas que foram
perdidas.
E é com muita luta e ajuda da população, do poder executivo e de
empresários, que todos estão seguindo em frente. As lágrimas já secaram,
assim como a água que já escoou. De gesto em gesto de solidariedade que
os atingidos por uma das maiores enchentes que os sul-paraibanos já
viram e muitos sentiram na pele, vão tocando o dia-a-dia.Assim que o estado e até mesmo algumas cidades do país, ficaram sabendo do ocorrido, que deixou mais de 900 desalojados e 112 desabrigados, as doações começaram a chegar de toda a parte. Não foram só moradores da terra que se prontificaram a ajudar. A cidade recebeu doações do Rio de Janeiro e de quase todos os municípios do estado, São Paulo e até mesmo da Cruz Vermelha, que doou água entre outros donativos.
As doações começaram ainda no sábado (16), um dia após a cidade completar 183 anos. A sede da prefeitura ficou lotada de alimentos e água. No domingo (17), o Colégio Manoel Gonçalves abriu as portas para receber as roupas e calçados que vinham de toda parte. E o trabalho segue incansavelmente sem parar das 8h até às 19h.
São voluntários separando as peças por tamanho, sexo e por tipo de vestuário, da mesma forma com os calçados. Foram mais de cem mil peças recebidas que estão sendo ensacadas e levadas para os bairros para serem doadas às famílias que passaram por este susto.
“Estamos organizando e separando tudo da melhor forma, porque assim, quando chegamos aos bairros, temos as sacolas de calça feminina tamanho tal, de blusa masculina, e de sandálias infantis e por aí vai. Assim que todos voltarem para suas casas, iremos visitá-los para saber do que mais eles precisam, até porque alguns ainda estão nos abrigos e não podem armazenar muitas roupas”, falou Telma Lúcia Cândido que está coordenando o trabalho nesta escola.
São 300 voluntários, entre funcionários da prefeitura e população, que como a Idalina Gomes, estão ajudando. “Por volta de 12h30min eu chego ao colégio e fico separando as roupas até às 17h. Entrou água na minha casa, que fica no centro da cidade, e na segunda-feira (18), depois que limpamos as coisas, vim para cá. Graças a Deus eu não perdi nada, e agora estou aqui podendo colaborar com quem perdeu”, disse.
Mas não foram só moradores do centro que foram afetados, os moradores dos bairros Liberdade, Santo Antônio, Caminho de Dentro, Barão de Angra, Ponte Preta, Grama, Bela Vista e Jatobá, também viram a força da água invadir suas casas.
“A semana foi de recuperar as coisas. Perdi um freezer, o resto todo só não foi levado pela água ou danificado porque eu moro na parte de cima da casa da minha mãe, que perdeu guarda-roupa, estante e colchão. Já passamos por várias enchentes, mas essa foi de madrugada, aí não deu tempo de sair salvando objetos. Agora, com todos bem, estamos limpando tudo, e ainda tem bastante coisa para arrumar”, ponderou Paulo César, que mora no Liberdade.
As ruas e estradas também foram afetadas. Houve queda de barreiras na Palestina, Retiro, Sebollas, Membeca, Matozinhos, Sertão e Cavarú, onde ruas e estradas terão que ser recuperadas. Já as quedas de árvores foram em Werneck, Barrinha, Parque Salutaris e Centro. Lavouras também foram perdidas.
Duas pontes ficaram danificadas. Uma que fica atrás do Parque de Exposições no bairro Santo Antônio e a outra no bairro Bela Vista.
O Núcleo Municipal de Ensino Especializado, a creche Wilson de Barros Onofre e a Escola Municipal Jornalista Sérgio Cabral, que ficam próximos ao Parque de Exposições e atendem ao todo quase 600 crianças, foram totalmente atingidos e perderam cadeiras, mesas, 25 computadores, freezer, carrinhos de bebê, brinquedoteca, colchões, entre outros materiais que contabilizam um grande prejuízo.
Uma semana após, equipes da prefeitura estão limpando toda a cidade. Muita lama e objetos danificados pela água foram deixados pelas ruas. Sem contar os buracos e danos no asfalto.
Quanto à escola e a creche citadas acima, o prejuízo ainda está sendo contabilizado e uma reunião será feita para que se possa decidir quais serão as medidas tomadas. Para reconstruir tudo, ainda é necessário muito trabalho.
Mas aos poucos as coisas vão se ajeitando. O mais importante foi poupado, a vida de cada cidadão que passou por um momento que vai ficar guardado na memória por muitos anos. As pessoas estão voltando para casa. Nos dois abrigos, Creche Olga Benário e Escola Pedro Paulo Lacerda, ambos no bairro Liberdade, agora só tem sete famílias.
Segundo informações da assessoria de imprensa da prefeitura, quem está desabrigado, no momento se encontra na casa de parentes e amigos. Será feita uma avaliação junto à Defesa Civil, das condições das residências que estão em risco, para ver se existe a possibilidade de alguma casa poder voltar a comportar os moradores. Caso não tenha, essas famílias serão incluídas no aluguel social.
Enquanto tudo vai chegando ao lugar, a prefeitura criou mais um ponto de apoio, que é o Colégio Tim Lopes, que está servindo almoço e jantar no bairro Liberdade. No bairro Bela Vista, a igreja de Santa Edwiges também está servindo refeições.
Foram mais de três toneladas de alimentos arrecadados, 15 mil litros de água, uma grande quantidade de caixas de leite e material de limpeza. Mas para continuar dando assistência, o que vem acontecendo desde as primeiras horas do dia 16 de janeiro, o governo espera contar com mais arrecadações.
Quem puder ajudar, principalmente com alimentos, material de limpeza e higiene, basta entregar na prefeitura, Colégio Manoel Gonçalves e nas igrejas Santa Edwiges e Matriz de São Pedro e São Paulo.
“Eu ainda preciso de água, alimentos, colchão e toalha de banho. É a segunda vez que passo por uma enchente e essa foi a pior. Foi tudo muito rápido, quando acordei estava com o quintal cheio de água, já entrando em casa. Ainda bem que ninguém se feriu”, contou Elizabete que mora em uma residência no bairro Liberdade com mais sete pessoas.
Mil famílias foram cadastradas para receberem auxílio do governo E o prefeito Márcio Abreu, “Marcinho”, para amenizar o sofrimento de quem não tem mais nada, anunciou algumas medidas que ajudarão essas pessoas que necessitam de auxílio.
Serão disponibilizados dos cofres públicos, meio milhão de reais da secretaria municipal de Turismo, que seriam destinados ao Carnaval, que foi cancelado, além de outros eventos em 2016.
Através da criação do “Cartão Municipal”, esse recurso será utilizado para contribuir com os atingidos da enchente, que receberam uma quantia em 10 parcelas. A isenção do IPTU 2016 para os que moram em áreas ribeirinhas foi outra medida tomada pelo executivo para colaborar com a reestruturação dos vitimados.
Em uma semana foi feito pelo governo uma campanha de doação com o cadastro das famílias, que direcionou todos os desabrigados e desalojados. O prefeito adotou medidas e hoje a cidade, que está se recuperando, ainda contabiliza os prejuízos e monitora o rio a cada três horas, mantendo ainda o estado de alerta.
Fonte:EntreRios Jornal
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