Blog 100 História : novembro 2015

Revolta dos Alfaiates (Conjuração Baiana) - 1798



A Conjuração Baiana, também denominada como Revolta dos Alfaiates ou Revolta dos Búzios, foi um movimento de caráter emancipacionista, ou seja, deseja a completa independência em relação a Portugal, acabar com a escravidão e criar uma nova ordem social.
- Se a Inconfidência Mineira destaca-se pelo pioneirismo - o primeiro movimento republicano em nossa história -, a Conjuração Baiana apresenta o componente popular, que irá direcioná-la de forma mais ampla e radical: a abolição da escravidão. 
- Ela foi o movimento de independência mais radical do Brasil Colonia, mas nem por isso tem o merecido destaque em nossa histografia.

Por mais que estourassem revoltas contra a colônia portuguesa no Brasil, muitas dessas organizações populares eram movidas por interesses particulares dos grandes donos de terra e da elite oposicionista.
- Na avalanche da Revolução Francesa, a Conjuração Baiana (ou Revolta dos Alfaiates) aconteceu na Bahia em 1798 e tinha caráter emancipacionista: exigia, a qualquer custo, a independência do domínio português.
- Foi uma revolta social de caráter popular.
- É conhecida como a mais popular das rebeliões coloniais.
- Nela observamos uma participação maciça de homens livre e pobres, inclusive alfaiates, motivo pelo qual a conjuração também ficou conhecida com Rebelião dos Alfaiates. Teve uma importante influência dos ideais da Revolução Francesa.
- O sucesso da independência dos Estados Unidos, as realizações da Revolução Francesa e a rebelião escrava na Ilha de Santo Domingo (chamada pelos nativos de Ahti), propagaram na Bahia os ideais de liberdade, igualdade e fraternidade.
- Além de ser emancipacionista, defendeu importantes mudanças sociais e políticas na sociedade.
Causas da Conjuração Baiana

A transferência da capital da Colônia para o Rio de Janeiro, em 1763, acarretou dificuldades econômicas para a antiga capital.
- Quando Salvador deixou de ser a capital brasileira, acabou perdendo boa parte dos investimentos da Coroa e passou a ter papel secundário diante da nova capital, o Rio de Janeiro. A população baiana acabou sofrendo com a crise econômica do estado. A violência aumentava cada vez mais com o constante saqueamento de propriedades privadas e mercadorias.
- Vivia em Salvador uma população miserável, sobrecarregada de impostos e que frequentemente contestava a exploração exercida pela Metrópole.
Insatisfação popular com o elevado preço cobrado pelos produtos essenciais e alimentos.
- Além disso, reclamavam da carência de determinados alimentos.
- Forte insatisfação com o domínio de Portugal sobre o Brasil. O ideal de independência estava presente em vários setores da sociedade baiana.
Objetivos da Conjuração Baiana
- Defendiam a emancipação política do Brasil, ou seja, o fim do pacto colonial com Portugal;
- Defendiam a implantação da República;
- Liberdade comercial no mercado interno e também com o exterior;
- Liberdade e igualdade entre as pessoas. Portanto eram favoráveis à abolição dos privilégios sociais e também da escravidão;
- Aumento de salários para os soldados.
Líderes da Conjuração BaianaA partir de então, as ideias radicais foram surgindo. Quem se destacou na propagação da revolta foi o médico, político e filósofo baiano Cipriano Barata.
- Ele organizou a população mais humilde, como escravos e pequenos camponeses, para difundir mensagens e panfletos incitando mais revoltosos para aderir à revolução.
- No movimento, destacaram-se também os alfaiates João de Deus do Nascimento e Manuel Faustino dos Santos Lira, sob chefia militar do tenente Aguilar Pantoja, que contava com o apoio dos soldados Luís Gonzaga das Virgens e Lucas Dantas Amorim Torres.
Quem participou
- Muitos alfaiates.
- Pessoas pobres
- Letrados
- Padres
- Pequenos comerciantes
- Escravos
- Negros livres
- Artesãos
- Soldados
- Setores populares
A revolta
- A revolta estava marcada, porém um dos integrantes do movimento, o ferreiro José da Veiga, que delatou o movimento para o governador, relatando o dia e a hora em que aconteceria.
- O governo baiano organizou as forças militares para debelar o movimento antes que a revolta ocorresse.
- Vários revoltosos foram presos.
- Muitos foram expulsos do Brasil.
- Quatro foram executados na Praça da Piedade em Salvador.
O Solar do Unhão e vista para a Baía de Todos os Santos em pintura do início do século 19. O local foi usado como esconderijo por Lucas Dantas e Manuel Faustino, após a denúncia da Conjuração, em 1798.
- Revoltosos mais pobres, como Faustino e Nascimento, foram condenados imediatamente à morte por enforcamento, enquanto que os intelectuais e mais abastados Barata e o professor Francisco Moniz foram absolvidos pela Coroa.
Enforcamento, em novembro de 1799, dos conjurados Lucas Dantas, Manuel faustino, João de Deus e Luís Gonzaga, no Largo da Piedade (Ilustração de Rodval Matias para o livro A Conjuração Baiana de Luís Henrique Tavares, Editora Ática).

- Apesar de não ter sido concretizado em sua totalidade, a Conjuração Baiana é considerada uma importante revolta popular. 
- Muito além da pretensão de derrubar a monarquia, a revolta pôs em xeque as questões sociais do país e deu impulsão para o surgimento das primeiras campanhas abolicionistas do país.



Nota do autor:
Hoje dia 20 de Novembro é comemorado o dia da consciência negra e quase ninguém fala sobre esses heróis.



HEROIS NEGROS

O silêncio existente sobre a participação do negro na história do Brasil retrata um dos aspectos perversos do racismo na sociedade brasileira. No ensino de história é negado o protagonismo negro e aprendemos erroneamente que as grandes lideranças, os grandes feitos das personalidades do país, foram protagonizados somente pelos brancos. Como os negros estiveram em situação desigual em relação aos brancos, poucas histórias a seu respeito foram registradas, sobrando apenas o coitadismo, enquanto na verdade a historia é repleta de negros de destaque.
 




André Rebouças (1838-1898)
Um dos mais ativos militantes do movimento abolicionista brasileiro, além de um dos fundadores da Sociedade Brasileira Contra a Escravidão, André Pinto Rebouças nasceu na Bahia, em 1838, filho de um proeminente advogado, deputado e conselheiro de Pedro I. Seu pai era filho de uma escrava alforriada com um alfaiate português, e sua mãe era filha de um comerciante. Formou-se em engenharia pela Escola Central do Exército em 1860, no Rio. Na Europa, especializou-se em fundações e obras portuárias e foi uma das maiores
autoridades brasileiras em engenharia ferroviária e hidráulica, tendo sido o criador das empresas Docas do Rio de Janeiro. Com seu irmão Antônio Rebouças, também engenheiro, foi o autor do projeto da estrada de ferro Antonina-Curitiba, que serviu de base para a difícil obra do trecho serrano da ferrovia Paranaguá-Curitiba, e também dos projetos da ponte de ferro sobre o rio Piracicaba e da avenida Beira-Mar, no Rio de Janeiro. O irmão caçula, José Rebouças, trabalhou na implantação das linhas ferroviárias que hoje ligam o interior paulista. Entre 1889 e 1891, Rebouças morou em Lisboa, trabalhando como correspondente do jornal The Times, de Londres. Em 1892, financeiramente arruinado, aceitou um emprego em Luanda, Angola. Em 1893, fixou-se na Ilha da Madeira, onde morreu no dia 9 de maio de 1898.






João Cruz e Souza foi um grande personagem na luta abolicionista no país. Filho de pais forros, nasceu no dia 24 de novembro de 1861 em Florianópolis, era poeta e jornalista.
Defensor da abolição, utilizou seu talento como orador e poeta para denunciar o escravismo e a hipocrisia brasileira frente a escravidão. Suas obras consagradas, o tornaram um dos maiores expoentes do simbolismo brasileiro. Dentre seus escritos, destacam-se os livros Missal e Broquéis. Chegou a ser funcionário nomeado da Central de Ferro do Brasil.
Morreu em 1898 .







Teodoro Sampaio (1855-1937).
Teodoro Sampaio nasceu em 1855 na cidade de Santo Amaro, na Bahia. Filho de uma escrava do engenho Canabrava e, supostamente, do sacerdote Manoel Fernandes Sampaio, que o alforriou no batismo. Aos 2 anos de idade foi entregue a uma senhora da sociedade, Inês Leopodina, que o criou até os 9 anos. Um ano depois foi levado para o Rio de Janeiro pelo padre, que o internou no colégio São Salvador. Era tão brilhante que se tornou professor de lá em várias matérias. Logo depois de formado pela Escola Politécnica, em 1877, voltou à Bahia e negociou a alforria de sua mãe e dos irmãos, que ainda eram escravos. Foi um dos homens públicos de maior importância nos debates e projetos urbanísticos do país no final do século 19 e início do 20. Participou de obras de grande importância em várias regiões do país. Em 1927, entrou para a política elegendo-se deputado federal. Um dos maiores engenheiros do país, além de geógrafo e historiador, Teodoro foi o primeiro a mapear a região da Chapada Diamantina e fez uma extensa expedição pelo rio São Francisco. Suas anotações ajudaram Euclides da Cunha a escrever Os Sertões, assim como seus próprios livros. Escreveu três: O Tupy na Geografia Nacional, de 1901, O Rio São Francisco e a Chapada Diamantina, de 1905, e História da Fundação da Cidade da Bahia, publicado em 1949, após sua morte, em 15 de outubro de 1937, no Rio.









Teodoro Sampaio (1855-1937).
Teodoro Sampaio nasceu em 1855 na cidade de Santo Amaro, na Bahia. Filho de uma escrava do engenho Canabrava e, supostamente, do sacerdote Manoel Fernandes Sampaio, que o alforriou no batismo. Aos 2 anos de idade foi entregue a uma senhora da sociedade, Inês Leopodina, que o criou até os 9 anos. Um ano depois foi levado para o Rio de Janeiro pelo padre, que o internou no colégio São Salvador. Era tão brilhante que se tornou professor de lá em várias matérias. Logo depois de formado pela Escola Politécnica, em 1877, voltou à Bahia e negociou a alforria de sua mãe e dos irmãos, que ainda eram escravos. Foi um dos homens públicos de maior importância nos debates e projetos urbanísticos do país no final do século 19 e início do 20. Participou de obras de grande importância em várias regiões do país. Em 1927, entrou para a política elegendo-se deputado federal. Um dos maiores engenheiros do país, além de geógrafo e historiador, Teodoro foi o primeiro a mapear a região da Chapada Diamantina e fez uma extensa expedição pelo rio São Francisco. Suas anotações ajudaram Euclides da Cunha a escrever Os Sertões, assim como seus próprios livros. Escreveu três: O Tupy na Geografia Nacional, de 1901, O Rio São Francisco e a Chapada Diamantina, de 1905, e História da Fundaçãoda Cidade da Bahia, publicado em 1949, após sua morte, em 15 de outubro de 1937, no Rio.








Alfredo da Rocha Vianna Filho ou Pixinguinha, nome que mistura o dialeto africano "Pizin Din" (menino bom), dado por uma prima, com "Bexiguinha", por ter contraído bexiga, foi um dos músicos mais importantes da fase inicial da Música Popular Brasileira (MPB). Com um domínio técnico e um dom de improvisação encontrados nos grandes músicos de jazz, é considerado o maior flautista brasileiro de todos os tempos, além de um irreverente arranjador e compositor. Entre suas composições de maior sucesso estão Carinhoso (1923), Lamento e Rosa. Neto de africanos, começou a tocar, primeiro cavaquinho, depois uma flautinha de folha, acompanhando o pai que tocava flauta. Aos 12 anos, compôs sua primeira obra, o choro Lata de Leite. Aos 13, gravou seus primeiros discos como componente do conjunto Choro Carioca: São João Debaixo D'Água, Nhonhô em Sarilho e Salve (A Princesa de Cristal). Aos 14, estreou como diretor de harmonia do rancho Paladinos Japoneses e passou a fazer parte do conjunto Trio Suburbano. Aos 15, já tocava profissionalmente em casas noturnas, cassinos, cabarés e teatros. Em 1917, gravou a primeira música de sua autoria, a Valsa Rosa, e, em 1918, o choro Sofres Porque Queres. Nessa época, desenvolveu um estilo próprio, que mesclava seu conhecimento teórico com sua origem musical africana e com as polcas, os maxixes e os tanguinhos. Aos 20 anos formou o conjunto Os Oito Batutas (flauta, viola, violão, piano, bandolim, cavaquinho, pandeiro e reco-reco). Além de ter sido pioneiro na divulgação da música brasileira no exterior, adaptando para a técnica dos instrumentos europeus a variedade rítmica produzida por frigideiras, tamborins, cuícas e gogôs, o grupo popularizou instrumentos afro-brasileiros, até então conhecidos apenas nos morros e terreiros de umbanda, e abriu novas possibilidades para os músicos populares. Na década de 1940, sem a mesma embocadura para o uso da flauta e com as mãos trêmulas devido à sua devoção ao uísque, Pixinguinha trocou a flauta pelo saxofone, formando uma dupla com o flautista Benedito Lacerda. Fez uma parceria famosa com Vinícius de Moraes, na trilha sonora do filme Sol sobre a Lama, em 1962.

A história da vida desses homens prova que a educação é o caminho mais eficiente e rápido para a igualdade.

                                                                                                              Lipe Lundorf

O silêncio existente sobre a participação do negro na história do Brasil retrata um dos aspectos perversos do racismo na sociedade brasileira. No ensino de história é negado o protagonismo negro e aprendemos erroneamente que as grandes lideranças, os grandes feitos das personalidades do país, foram protagonizados somente pelos brancos. Como os negros estiveram em situação desigual em relação aos brancos, poucas histórias a seu respeito foram registradas

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